quarta-feira, 16 de abril de 2014
segunda-feira, 14 de abril de 2014
SOCIOLOGIA: Dürkeim e a socialização.
Para
Dürkeim o que fez o homo sapiens sapiens se tornar humano de fato foi o
processo de “socialização”. Isto significa que do ponto de vista biológico o
homem não passaria de um primata com um grande cérebro e polegar opositor. É,
portanto, o convívio social e a construção de instituições sociais que faz dele
humano.
Com esse
convívio social nasce a “consciência coletiva”: o conjunto de ideias, conceitos
e tudo que está em nossas mentes e é a base para orientar a vida humana. Sendo assim, considera-se que a sociedade não é composta pela soma de consciências individuais (a que cada indivíduo possui e é responsável pela suas decisões corriqueiras), mas sim pela consciência coletiva que rege a ação de todos dentro dos fatos sociais.
Essa
consciência coletiva leva a sociedade a desenvolver seus sistemas
organizacionais, suas instituições sociais. A instituição social é um mecanismo
de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados
socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja
importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades
dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto,
conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, polícia ou
qualquer outra, elas agem fazendo força contra as mudanças, pela manutenção da
ordem.
Um dos
principais alicerces dessa ordem é a solidariedade entre os indivíduos. Durkheim
observou dois tipos de solidariedade: a mecânica e a orgânica.
Numa sociedade
de solidariedade mecânica, o indivíduo estaria ligado diretamente à sociedade,
sendo que enquanto ser social prevaleceria em seu comportamento sempre aquilo
que é mais considerável à consciência coletiva, e não necessariamente seu
desejo enquanto indivíduo. A maior parte da existência do indivíduo é orientada
pelos imperativos e proibições sociais que vêm da consciência coletiva.
Segundo
Durkheim, a solidariedade do tipo mecânica depende da extensão da vida social
que a consciência coletiva (ou comum) alcança. Quanto mais forte a consciência
coletiva, maior a intensidade da solidariedade mecânica. Aliás, para o
indivíduo, seu desejo e sua vontade são o desejo e a vontade da coletividade do
grupo, o que proporciona uma maior coesão e harmonia social.
Este sentimento estaria na base do sentimento de
pertencimento a uma nação, a uma religião, à tradição, à família, enfim, seria
um tipo de sentimento que seria encontrado em todas as consciências daquele
grupo. Assim, os indivíduos não teriam características que destacassem suas
personalidades, como apontamos no exemplo dado em relação à tribo indígena, por
se tratarem de uma organização social “mais simples”.
Na solidariedade orgânica, ainda segundo Aron, ocorre um
enfraquecimento das reações coletivas contra a violação das proibições e,
sobretudo, uma margem maior na interpretação individual dos imperativos
sociais. Na solidariedade orgânica ocorre um processo de individualização dos
membros dessa sociedade, os quais assumem funções específicas dentro dessa
divisão do trabalho social. Cada pessoa é uma peça de uma grande engrenagem, na
qual cada um tem sua função e é esta última que marca seu lugar na sociedade. A
consciência coletiva tem seu poder de influência reduzido, criando-se condições
de sociabilidade bem diferentes daquelas vistas na solidariedade mecânica,
havendo espaço para o desenvolvimento de personalidades. Os indivíduos se unem
não porque se sentem semelhantes ou porque haja consenso, mas sim porque são
interdependentes dentro da esfera social.
Não há uma maior valorização daquilo que é coletivo, mas sim do
que é individual, do individualismo propriamente dito, valor essencial – como
sabemos – para o desenvolvimento do capitalismo. Contudo, apenas enquanto
observação, é importante dizer que, ainda que o imperativo social dado pela
consciência coletiva seja enfraquecido numa sociedade de solidariedade
orgânica, é preciso que este mesmo imperativo se faça presente para garantir
minimamente o vínculo entre as pessoas, por mais individualistas que sejam. Do
contrário, teríamos o fim da sociedade sem quaisquer laços de solidariedade.
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