Nestas eleições
não se viu muitas convicções, não se acreditou em novos planos ou se defendeu
velhas fórmulas. As pessoas não estavam dispostas a lutar por algo, seja novo
ou velho. Os votos foram por medo.
Nesse
confabular, brigar, debater e amaldiçoar os argumentos foram agressivos. Como
se suas vidas estivessem em jogo as pessoas travaram uma batalha. Nesse cenário
dois medos distintos que se opuseram.
O primeiro
medo foi o de perda das condições atuais, mudança para algo incerto, ou para um
passado assustador. Temia-se a crise do que se vive, ou o retorno ao antes de
se viver o momento atual. Não se tem um entendimento das bases atuais, de como
se chegou ao que se tem ou como isso tudo pode ser mantido. Apenas, medo, medo
de perder algo, ou que se pensa ser sólido, ou que já se sente perder.
O
segundo medo e parecido com o primeiro, mas na direção contrária. Teme-se a
manutenção da atual situação. Sem medo do passado, mas medo do futuro. Um temor
da manutenção de uma situação que se apresenta como má, desastrosa, alimentado
por perspectivas nada otimistas. Medo do futuro caso uma alternativa não fosse
apresentada, mesmo que esta nada de novo venha a acrescentar, e já ter tido sua
chance para mostrar.
Ambos
os medos mobilizaram as pessoas, argumentos, xingamentos, ódios e verborragias.
Numa realidade de incertezas o que se tem é o temor de um futuro de retorno ou
de incertezas. Retorno de um sofrimento que se crê superado, ou de um terrível
mal que ainda pode ser evitado.
Fato
é que esse país não superou as verdadeiras raízes do medo. As heranças
coloniais, a posição econômica na geopolítica capitalista, os ranços do
escravismo, a cultura não nacionalista, não progressista e de desprezo pela
intelectualidade e cultura.
Os
medos podem ter suas justificativas mas suas causas são desconhecidas pelos
eleitores. As vitórias sobre os inimigos, ou não, de nada serviriam para
amenizar a crise iminente ou a paz esperada. A grande questão é que se teme o
retorno do passado ou de um vindouro terrível futuro se esquecendo que no
presente tragédias e vitórias se vivem, numa confusão de interpretações.
Perdedores afirmam abandonar a pátria, vencedores se creem laureados com a
alegria e felicidade. Crenças, ameaças e incertezas que nublam, e sempre
nublaram, a verdadeira percepção da realidade neste país povoado por um povo
volta e meia se indaga sobre sua condição e se depara com o medo.
Prof. Juarez.