segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

PARMÊNIDES - O UNIVERSO ESTÁTICO.


Parmênides fundou a metafísica ocidental com sua distinção entre o Ser e o Não-Ser. Enquanto Heráclito ensinava que tudo está em perpétua mutação, Parmênides desenvolvia um pensamento completamente antagônico: “Toda a mutação é ilusória. Todo movimento é ilusão”.



Parmênides não considera como a base da existência os quatro elementos, nem o movimento, ou as impressões empíricas dos sentidos. Para ele o mundo real é o abstrato, o conceito imutável que é a essência de tudo, o Ser.

Ele uma recusa da sensação como meio de chegar à verdade, para ele, a sensação é um caminho errado para a investigação porque engendra contradições e confunde o que existe com o que não existe, o ser com o não ser.
Seu pensamento está exposto num poema filosófico intitulado Sobre a Natureza e sua permanência, dividido em duas partes distintas: uma que trata do caminho da verdade (alétheia) e outra que trata do caminho da opinião (dóxa), ou seja, daquilo onde não há nenhuma certeza. De modo simplificado, a doutrina de Parmênides sustenta o seguinte:

Unidade e a imobilidade do Ser;

O mundo sensível é uma ilusão;

O Ser é uno, eterno, não-gerado e imutável;

Não se confia no que vê.

Esse poema traduz exatamente a natureza do pensamento de Parmênides que é tradicionalmente visto como o oposto ao de Heráclito de Éfeso, sintetizado sua célebre frase: “um homem não pode duas vezes num rio se banhar, pois da segunda vez o rio não será mais o mesmo, assim como o homem.”

Parmênides vai então afirmar toda a unidade e imobilidade do Ser. Fixando sua investigação na pergunta: “o que é”, ele tenta vislumbrar aquilo que está por detrás das aparências e das transformações.


Assim, ele dizia: “Vamos e dir-te-ei – e tu escutas e levas as minhas palavras. Os únicos caminhos da investigação em que se pode pensar: um, o caminho que é e não pode não ser, é a via da Persuasão, pois acompanha a Verdade; o outro, que não é e é forçoso que não seja, esse digo-te, é um caminho totalmente impensável. Pois não poderás conhecer o que não é, nem declará-lo.”
Sendo assim, consideramos sobre seu pensamento: podemos achar um mesmo todo para os dois e esta oposição entre suas visões do todo passa a ser cada vez menor.

Para solucionar alguns paradoxos do movimento Parmênides cria as classes negativas.

Luz e trevas – luz e ausência de luz.
Som e silêncio – som e ausência de som.


As classes positivas, ativas, serão sempre predominantes, sendo que seus opostos não são uma transição dos mesmos, mas sua ausência. Sendo assim, o movimento constante de Heráclito não existe, apenas estados de presença, luz, e a ausência desse estado, trevas. Não há a luz que se transforma em trevas, ou o calor que esfria, somente o positivo, o calor, e sua ausência, o frio. É a oposição do ativo, masculino, o existente, contra o passivo, o feminino, o inexistente.
Assim, nosso mundo dividia-se em duas esferas: aquela das qualidades positivas (luz, quente, ativo, masculino, fogo, vida) e aquela das qualidade negativas (escuridão, frio, passivo, feminino, terra, morte). A esfera negativa era apenas uma negação da esfera positiva, isto é, a esfera negativa não continha as propriedades que existiam na esfera positiva.


Ao invés das expressões “positiva” e “negativa”, Parmênides usa os termos metafísicos de “ser” e “não-ser”. O não-ser era apenas uma negação do ser. Mas ser e não-ser são imutáveis e imóveis. No seu livro: Metafísica, Aristóteles expõe esse pensamento de Parmênides: “Julgando que fora do ser o não-ser é nada, forçosamente admite que só uma coisa é, a saber, o ser, e nenhuma outra... Mas, constrangido a seguir o real, admitindo ao mesmo tempo a unidade formal e a pluralidade sensível, estabelece duas causas e dois princípios: quente e frio, vale dizer, Fogo e Terra. Destes (dois princípios) ele ordena um (o quente) ao ser, o outro ao não-ser.”


O Vir-a-Ser


Quanto às mudanças e transformações físicas, o Vir-a-Ser, que a todo instante vemos ocorrer no mundo, Parmênides as explicava como sendo apenas uma mistura participativa de ser e não-ser. “Ao vir-a-ser é necessário tanto o ser quanto o não-ser. Se eles agem conjuntamente, então resulta um vir-a-ser”.


Um desejo era o fator que impelia os elementos de qualidades opostas a se unirem, e o resultado disso é um vir-a-ser. Quando o desejo está satisfeito, o ódio e o conflito interno impulsionam novamente o ser e o não-ser à separação.


TODA MUDANÇA É ILUSÓRIA


 Só o que existe realmente é o ser e o não-ser. O vir-a-ser é apenas uma ilusão sensível. Isto quer dizer que todas as percepções de nossos sentidos apenas criam ilusões, nas quais temos a tendência de pensar que o não-ser é, e que o vir-a-ser tem um ser.


Toda nossa realidade é imutável, estática, e sua essência está incorporada na individualidade divina do Ser-Absoluto, o qual permeia todo o Universo. Esse Ser é onipresente, já que qualquer descontinuidade em sua presença seria equivalente à existência de seu oposto – o Não-Ser.


Esse Ser não pode ter sido criado por algo pois isso implicaria em admitir a existência de um outro Ser. Do mesmo modo, esse Ser não pode ter sido criado do nada, pois isso implicaria a existência do “Não-Ser”. Portanto, o Ser simplesmente é.


Simplício da Cilícia, em seu livro Física, assim nos explica sobre a natureza desse Ser-Absoluto de Parmênides: “Como poderia ser gerado? E como poderia perecer depois disso? Assim a geração se extingue e a destruição é impensável. Também não é divisível, pois que é homogêneo, nem é mais aqui e menos além, o que lhe impediria a coesão, mas tudo está cheio do que é. Por isso, é todo contínuo; pois o que é adere intimamente ao que é. Mas, imobilizado nos limites de cadeias potentes, é sem princípio ou fim, uma vez que a geração e a destruição foram afastadas, repelidas pela convicção verdadeira. É o mesmo, que permanece no mesmo e em si repousa, ficando assim firme no seu lugar. Pois a forte Necessidade o retém nos liames dos limites que de cada lado o encerra, porque não é lícito ao que é ser ilimitado; pois de nada necessita – se assim não fosse, de tudo careceria. Mas uma vez que tem um limite extremo, está completo de todos os lados; à maneira da massa de uma esfera bem rotunda, em equilíbrio a partir do centro, em todas as direções; pois não pode ser algo mais aqui e algo menos ali.”


O Ser-Absoluto não pode vir-a-ser. E não podem existir vários “Seres-Absolutos”, pois para separá-los precisaria haver algo que não fosse um Ser. Consequentemente, existe apenas a unidade eterna.


Teofrasto relata assim esse raciocínio de Parmênides: “O que está fora do Ser não é Ser; o Não-Ser é nada; o Ser, portanto, é.


ZENÃO E O PARADOXO.


O pensamento de Parmênides gerou um problema lógico: se não há a mudança, o movimento, o que então percebemos como sendo o movimento? A resposta é: a sucessão constante de instantes absolutos e imutáveis. Não há mudança, apenas a estática, cada instante único e imutável se sucede. Todo movimento é ilusório, assim como a pluraridade:


”Se a pluralidade existe, as coisas serão ao mesmo tempo limitadas e infinitas em número.” – De fato, se há mais de uma coisa, vemos que entre a primeira e a segunda existe, então, uma terceira. Assim, entre a primeira e a terceira, existirá uma quarta; e assim, ao infinito.”


Os paradoxos:


Paradoxo da dicotomia – Imagine um móvel que está no ponto A e quer atingir o ponto B. Este movimento é impossível, pois antes de atingir o ponto B, o móvel tem que atingir o meio do caminho entre A e B, isto é, um ponto C. Mas para atingir C, terá que primeiro atingir o meio do caminho entre A e C, isto é, um ponto D. E assim, ao infinito.




Paradoxo de Aquiles – Imagine uma corrida entre um atleta velocista (Aquiles) e uma tartaruga. Suponhamos que é dada para a tartaruga uma vantagem inicial em distância. Aquiles jamais a alcançará, porque quando ele chegar ao ponto de onde a tartaruga partiu, ela já terá percorrido uma nova distância; e quando ele atingir essa nova distância, a tartaruga já terá percorrido uma outra nova distância, e assim, ao infinito.




Paradoxo da flecha imóvel – Uma flecha em vôo está a qualquer instante em repouso. Ora, se um objeto está em repouso quando ocupa um espaço igual às suas próprias dimensões e se, a flecha em vôo sempre ocupa espaço igual às suas próprias dimensões, logo a flecha em vôo está em repouso.

Paradoxo do estádio - Assim como a flecha, argumenta que é impossível que a subdivisibilidade do tempo e do espaço termine em indivisíveis. É o mais discutido e com a descrição mais difícil.


      A imutabilidade quando aplicada a esfera moral cria um estado de conformismo e estabilidade. Ou seja, uma vez nobre um homem sempre será nobre, e jamais deixará de ser. Uma vez corajoso sempre será assim, mesmo que agindo de maneira covarde. Esse agir covarde seria apenas uma ilusão, uma distorção que nubla a verdadeira essência do homem, corajoso.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

SOCIOLOGIA: Tipos de sociedade.

                Sendo a sociologia uma cincia que estuda o homem em sociedade, faz-se necessrio entendermos o caminho histrico da sociedade humana. Seguindo uma viso marxista, o trabalho nasce e evolui atravs da histria humana.

PRÉ-HISTRIA:

                Segundo Rousseau, na sociedade pr-histrica existia o comunismo pr-histrico. Um socialismo pleno, pois todos trabalhavam por igual e os frutos de desse trabalho eram divididos entre todos.


ANTIGUIDADE - ESCRAVISMO:

                Com o advento da propriedade privada e do Estado nasce a estratificao social. O trabalho se separa da ideologia, ou seja, aqueles que pensam no so os mesmos que trabalham. Nasce a figura do trabalhador como um ser inferior, desprovido da condio humana, o escravo. H, entretanto, um intermedirio entre o nobre e o escravo, o plebeu. Ora prestando algum tipo de servio, oura sustentado pelo Estado e utilizado como massa de manobras polticas, o plebeu no chega a ser livre devido a sua fragilidade econmica. Ele est submetido ao poder poltico, porm, livre da condio inferior do escravo.


IDADE MDIA - FEUDALISMO:

                Neste perodo o trabalho ascende na sociedade, deixa de ser atividade de escravos, sub-humana. O trabalhador o plebeu, o servo, livre como indivduo mas preso terra. Ou seja, a pessoa presa ao trabalho. Mesmo com o declnio do feudalismo o que se observa o fato do indivduo ser preso ao trabalho, como ocorria nas corporaes de ofcio. Ocorre um maior distanciamento entre os que pensam e os que trabalham. Os detentores da propriedade privada, a nobreza, controlam aqueles que trabalham, mas se submetem aqueles que detm o controle da ideologia, o clero.


SOCIEDADE CAPITALISTA:

                Durante a modernidade nasce a sociedade capitalista, e o trabalhador se torna livre. Livre no apenas por conseguir poder capital, e poder adquirir propriedade privada, mas tambm porque o indivduo na sociedade capitalista est livre para escolher sua profisso. A ideologia deixa de ser controlada por um estamento social e passa a ser controlada por aqueles que detm o capital, a burguesia, mas podendo tambm ser alcanada pelo trabalhador, o proletrio. Esta sociedade, portanto, se divide agora em apenas duas classes sociais, a burguesia, aqueles que controlam o capital, e o proletariado, aquele que vende sua mo de obra para sobreviver. 



                Durante toda a histria humana a sociedade sempre se estratificou. Entretanto, o principal fator de diferenciao entre os indivduos e sua posio na sociedade o lugar que ele ocupa na estrutura de trabalho. Aquele que explora e o que explorado.

FILOSOFIA: Heráclito.



Os filósofos de Mileto (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, entre outros) haviam percebido o dinamismo das mudanças que ocorrem na physis, como o nascimento, o crescimento e a morte, mas não chegaram a problematizar a questão.


Heráclito, inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é movimento, e que nada pode permanecer estático - Panta rei ou "tudo flui", "tudo se move", exceto o próprio movimento.



Mas este é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários: coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas umedecem etc.

A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, posto que ambas são apenas parte de uma mesma realidade, mas sim na mudança ou, como ele chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer que é. "A doença faz da saúde algo agradável e bom"; ou seja, se não houvesse a doença, não haveria por que valorizar-se a saúde, por exemplo. Ele ainda considera que, nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um círculo; ou a descida e a subida, em um caminho, pois o mesmo caminho é de descida e de subida; o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito de outra forma, o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar, como se ambos, quente e frio, fossem "versões" diferentes da mesma coisa).


Panta rei os potamós (do grego πάντα ῥεῖ ), traduzido como "Tudo flui como um rio" é o célebre aforisma no qual a tradição filosófica subsequente identificou sinteticamente o pensamento de Heráclito com o tema do devir, em contraposição à filosofia do ser própria de Parmênides.

“Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai.”




Tudo é considerado como um grande fluxo perene no qual nada permanece a mesma coisa pois tudo se transforma e está em contínua mutação. Por isso, Heráclito identifica a forma do Ser no Devir pelo qual todas as coisas são sujeitas ao tempo e à sua relativa transformação.
Heráclito sustenta que só a mudança e o movimento são reais, e que a identidade das coisas iguais a si mesmas é ilusória: para Heráclito tudo flui (panta rei).
O panta rei é uma consequência de polemos (guerra, conflito), que reina sobre tudo. Em consequência, Heráclito de Éfeso não é o filósofo do "tudo flui" mas do "tudo flui enquanto resultado da tensão contínua dos opostos em luta".