A filosofia de
Aristóteles dominou verdadeiramente o pensamente europeu a partir do século
XII21 e a revolução cientifica iniciou-se no século XVI, somente onde a
filosofia aristotélica foi dominante sobreveio uma revolução científica.
As afirmações
científicas de Aristóteles são totalmente desmentidas nos dias de hoje e a
principal razão disso é que nos séculos XVI e XVII os cientistas aplicaram
métodos quantitativos ao estudo da natureza inanimada, assim a Física e a
Química de Aristóteles são irremediavelmente inadequadas em comparação com o trabalhos
dos novos cientistas.
Apesar do
alcance abrangente que as obras de Aristóteles gozaram tradicionalmente, os
acadêmicos modernos questionam a autenticidade de uma parte considerável do Corpus
aristotelicum.
O MUNDO DA EXPERIÊNCIA
Para
Aristóteles, existe um único mundo: este em que vivemos. Só nele encontramos
bases sólidas para empreender investigações filosóficas. Aliás, é o nosso
deslumbramento com este mundo que nos leva a filosofar, para conhecê-lo e
entendê-lo.
Aristóteles
sustenta que o que está além de nossa experiência não pode ser nada para nós.
Nesse sentido, ele não acreditava e não via razões para acreditar no mundo das
ideias ou das formas ideais platônicas.
Porém,
conhecer o mundo da experiência, "concreto", foi um desejo ao qual
Aristóteles se entregou apaixonadamente. Assim, ele descreveu os campos básicos
da investigação da realidade e deu-lhes os nomes com que são conhecidos até os
nossos dias: lógica, física, política, economia, psicologia, metafísica,
meteorologia, retórica e ética.
Aliás, ele
inventou também os termos técnicos dessas disciplinas e eles também se mantêm
em uso desde então. Exemplos? Energia, dinâmica, indução, demonstração,
substância, essência, propriedade, categoria, proposição, tópico, etc.
POTÊNCIA, ATO E MOVIMENTO
Todas as coisas são em potência e ato. Uma coisa
em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em
potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma
semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também
são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de
papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro,
que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a
realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um
antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção
de Deus em que Deus seria "ato puro".
Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.
Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.
AS QUATRO CAUSAS
Para
Aristóteles uma coisa é o que é devido a sua forma. Como, porém, o filósofo
entende essa expressão? Ele compreende a forma como a explicação da coisa, a
causa de algo ser aquilo que é. Na verdade, Aristóteles distingue a existência
de quatro causas diferentes e complementares:
Causa material: de que a coisa é
feita? No exemplo da casa, de tijolos.
Causa eficiente: o que fez a
coisa? A construção.
Causa formal: o que lhe dá a
forma? A própria casa.
Causa final: o que lhe deu a
forma? A intenção do construtor.
Embora
Aristóteles não seja materialista (vimos que a forma não é a matéria), sua
explicação do mundo é mundana, está no próprio mundo. Finalmente, para o
filósofo, a essência de qualquer objeto é a sua função. Diz ele que, se o olho
tivesse uma alma, esta seria o olhar; se um machado tivesse uma alma, esta
seria o cortar. Entendendo isso, entendemos as coisas.
FÍSICA
Aristóteles
não reconhecia a ideia de inércia, ele imaginou que as leis que regiam os
movimentos celestes eram muito diferentes daquelas que regiam os movimentos na
superfície da Terra, além de ver o movimento vertical como natural, enquanto o
movimento horizontal requeriria uma força de sustentação. Ainda sobre movimento
e inércia, Aristóteles afirmou que o movimento é uma mudança de lugar e exige
sempre uma causa, o repouso e o movimentos são dois fenômenos físicos
totalmente distintos, o primeiro sendo irredutível a um caso particular do
segundo. No livro II, Do Céu, ele afirma explicitamente que quando um objeto se
desloca para seu estado natural o movimento não é causado por uma força, assim
ele afirma que o movimento daquilo que está no processo de locomoção é
circular, retilíneo ou uma combinação dos dois tipos.
ÓTICA
Na época de
Aristóteles, a ótica matemática era ainda uma disciplina nova, contrariamente
às outras matemáticas e especialmente à geometria, ele faz recorrentes referências
à cor, à sua "unidade" e à sua constituição, nos mesmos contextos em
que se fala de outros setores do real que pertencem a outras ciências matemáticas,
e do que neles é unidade.
Aristóteles
fez objeções à teoria de Empédocles e ao modelo de Platão que considerava que a
visão era produzida por raios que se originavam no olho e que colidiam com os
objetos então sendo visualizados. Ao refutar as teorias então conhecidas, ele
formulou e fundamentou uma nova teoria, a teoria da transparência: a luz era essencialmente
a qualidade acidental dos corpos transparentes, revelada pelo fogo.
Aristóteles
sugeria que a ótica contempla uma teoria matemático-quantitativa da cor, que
corresponde a uma teoria da medição da luz, assim ele afirma que a luz não era
uma coisa material mas a qualidade que caracterizava a condição ou o estado de
transparência: "Uma coisa se diz invisível porque não tem cor alguma, ou a
tem somente em grau fraco"
QUÍMICA
Enquanto
Platão, seu mestre, acreditava na existência de átomos dotados de formas
geométricas diversas, Aristóteles negava a existência das partículas e
considerava que o espaço estava cheio de continuum, um material divisível ao
infinito.
Sua obra Meteorologia,
sintetiza suas ideias sobre matéria e química, usando as quatro qualidades da
matéria e os quatro elementos, ele desenvolveu explicações lógicas para
explicar várias de suas observações da natureza. Para Aristóteles a matéria
seria formada, não a partir de um único, mas por quatro elementos: terra, água,
ar e fogo, mas existiria sim um substrato único para toda a matéria, mas que
seria impossível de isolar - serviria apenas como um suporte que transmite
quatro qualidades primárias: quente, frio, seco e úmido. A fundação da Alquimia
se baseou nos ensinamentos de Aristóteles, curiosamente ele afirmou que as
rochas e minerais cresciam no interior da Terra, assim com oos humanos, os
mineirais tentavam alcançar um estado de perfeição através do processo de
crescimento, a perfeição do mineral seria quando ele se torna-se ouro.
ASTRONOMIA
Aristóteles
concorda com seu mestre (Platão) em considerar a astronomia uma ciência
matemática em sentido pleno, não menos do que a geometria, ele também
concordava que os movimentos estudados pela astronomia, como diz a A República,
não se percebem "com a vista".
O cosmos
aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca, porém finita, à qual se
prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava uma rigorosa subordinação
de outras esferas, que pertenciam aos planetas então conhecidos e que giravam
em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema (sistema
geocêntrico).
BIOLOGIA
Considerado o
fundador das ciências como uma disciplina, Aristóteles deixou obras
naturalistas como História dos Animais, As partes dos animais, A geração dos
animais e opúsculos como Marcha dos animais, Movimentos dos animais e Pequeno
tratado de história natural e muitas outras obras sobre anatomia e botânica que
se perderam e tratavam sobre o estudo de cerca de 400 animais que buscou
classificar, tendo dissecado e cerca de 50 deles. Também realizou observações
anatômicas, embriológicas e etológicas detalhadas de animais terrestres e
aquáticos (moluscos e peixes), fez observações sobre cetáceos e morcegos.
Embora suas conclusões sejam muitas vezes equivocadas atualmente, sua obra não
deixa de ser notável.33 Seus escritos de biologia e zoologia correspondem a
mais de uma quinta parte de sua obra, nelas trabalha sobre a noção de animal, a
reprodução, a fisiologia e a classificação.
Segundo alguns
cientistas da atualidade, Aristóteles teria "descoberto" o DNA, por
ele identificar a forma, isto é, o eidos preexistente no pai que é reproduzido
na prole.
Aristóteles
foi quem iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o
precursor da ictiologia (a ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem
espécies de peixes marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como
elemento histórico da evolução da piscicultura e da aquariofilia, separou
mamíferos aquáticos de peixes e sabia que tubarões e raias faziam parte de
grupo que chamou de Selachē (Chondrichthyes).
EXERCÍCIOS
01 – (UENP – 2011) As discussões
iniciais sobre Lógica foram organizadas por Aristóteles no texto conhecido como
“Organon”, onde o filósofo sistematiza e problematiza algumas das afirmações
que tinham sido feitas pelos pré-socráticos (Parmênides, Heráclito) e por
Platão. Sobre a lógica aristotélica é incorreto afirmar:
a) A lógica aristotélica é um instrumento para trabalhar os contrários, e as contradições para superá-los e chegar ao conhecimento da essência das coisas e da realidade.
b) Aristóteles considera que a dialética não é um procedimento seguro para o pensamento, tendo em vista posições contrárias de debatedores, e a escolha de uma opinião contra a outra não garante chegar à essência da coisa investigada, por isso sugere a substituição da dialética pela lógica.
c) Entre as principais diferenças que existem entre a lógica aristotélica e a dialética platônica estão: a primeira é um instrumento para o conhecer que antecede o exercício do pensamento e da linguagem; a segunda é um modo de conhecer e pressupõe a aplicação imediata do pensamento e da linguagem.
d) A lógica aristotélica sistematiza alguns princípios e procedimentos que devem ser empregados nos raciocínios para a produção de conhecimentos universais e necessários.
a) A lógica aristotélica é um instrumento para trabalhar os contrários, e as contradições para superá-los e chegar ao conhecimento da essência das coisas e da realidade.
b) Aristóteles considera que a dialética não é um procedimento seguro para o pensamento, tendo em vista posições contrárias de debatedores, e a escolha de uma opinião contra a outra não garante chegar à essência da coisa investigada, por isso sugere a substituição da dialética pela lógica.
c) Entre as principais diferenças que existem entre a lógica aristotélica e a dialética platônica estão: a primeira é um instrumento para o conhecer que antecede o exercício do pensamento e da linguagem; a segunda é um modo de conhecer e pressupõe a aplicação imediata do pensamento e da linguagem.
d) A lógica aristotélica sistematiza alguns princípios e procedimentos que devem ser empregados nos raciocínios para a produção de conhecimentos universais e necessários.
2) - Quatro tipos de causas podem ser objeto da ciência para Aristóteles: causa
eficiente, final, formal e material.
Assinale a alternativa correta em
que as perguntas correspondem, respectivamente, às causas citadas.
a)
Por que foi gerado? Do que é feito? O que é?
Quem gerou?
b)
O que é? Do que é feito? Por que foi gerado?
Quem gerou?
c)
Do que é feito? O que é? Quem gerou? Por que foi
gerado?
d)
Quem gerou? Por que foi gerado? O que é? Do que
é feito?
3) - Leia o texto a seguir:
Dado que dos
hábitos racionais com os quais captamos a verdade, alguns são sempre verdadeiros,
enquanto outros admitem o falso, como a opinião e o cálculo, enquanto o
conhecimento científico e a intuição são sempre verdadeiros, e dado que nenhum
outro gênero de conhecimento é mais exato que o conhecimento científico, exceto
a intuição, e, por outro lado, os princípios são mais conhecidos que as
demonstrações, e dado que todo conhecimento científico constitui-se de maneira
argumentativa, não pode haver conhecimento científico dos princípios, e dado que
não pode haver nada mais verdadeiro que o conhecimento científico, exceto a
intuição, a intuição deve ter por objeto os princípios.
(ARISTÓTELES.
Segundos Analíticos, B 19, 100 b 5-17. In: REALE, G. História da Filosofia
Antiga. São Paulo: Loyola, 1994.)
Considere as
afirmativas a seguir a partir do conteúdo do texto acima.
I. Todo conhecimento discursivo depende de um conhecimento imediato.
I. Todo conhecimento discursivo depende de um conhecimento imediato.
II. A intuição
é um hábito racional que é sempre verdadeiro.
III. Os
princípios da ciência devem ser demonstrados cientificamente.
IV. O
conhecimento científico e a opinião não admitem o falso.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencionadas anteriormente.
a) I e II.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencionadas anteriormente.
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e
IV.
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